terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quem é meu irmão? - Cap. 7

Capítulo 7 - Comunhão em Cristo - A família ampliada

A Comunhão Cristã não é delimitada por nós, mas por Deus. Se pessoas em outros grupos nasceram biblicamente através do Batismo, Deus os aceita, pois nasceram de novo. Deus quem uniu gentios e judeus; apesar das diferenças culturais, de adoração e etc, eles tinham uma coisa em comum: todos pertenciam a Cristo. O que então nós temos de fazer não é criar união, mas manter a união criada pelo Espírito Santo.

“Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito”. “ .... significando que os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus”. “Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza sua função”. (Efésios 2. 19-22; 3.6; 4.16) (NVI).

A Comunhão Cristã no primeiro século também era um problema devido às diferenças de cultura e de doutrina. Mas o apóstolo Paulo traz o padrão ideal para o relacionamento entre gentios e judeus: juntos; co-participantes com Israel; concidadãos; edificados juntos; participação no mesmo corpo. Se Deus aceita pessoas diferentes de nós como filhos, quem somos nós para não aceitá-los como irmãos?

“Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus” (Romanos 15.7) (NVI). É Deus quem os aceita primeiro; portanto devemos aceitá-los também. Uma comparação que podemos fazer é aquela que fala sobre os nossos irmãos de sangue: por mais que tenhamos nos desentendido com eles no passado, isso não muda o fato de que eles continuam sendo nossos irmãos de sangue, pois nasceram dos mesmos pais. Assim também, devemos aceitar nossos irmãos na fé, pelo fato de nascerem do mesmo Pai.

Jesus fez a pergunta “Quem são meus irmãos?” antes de nós. Em Mateus 12.46-50 quando sua mãe e irmãos vieram querendo falar com ele, perguntou aos presentes: “Quem é minha mãe e, quem são meus irmãos?”. Respondeu a sua própria pergunta: “Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Se Jesus definiu seus irmãos pelo fato de fazerem a vontade de Deus, eu não estou em posição de incluí-los ou excluí-los. Observe as seguintes perguntas provocativas realizadas pelo autor: “Há algum crente biblicamente batizado, que eu me envergonharia de chamar de irmão? E os líderes do Movimento de Boston? Ou aqueles que adoram a Deus nas congregações dos Discípulos de Cristo e da Igreja Cristã?” (SMITH, 1997, p. 121).

Jesus não se envergonha de nos chamar irmãos: “Ora, tanto o que santifica quanto os que são santificados provêm de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos”. (Hebreus 2.11) (NVI). Se Jesus os aceita como irmãos, temos algum direito de tratá-los como menos que isso? “A menos que eles estejam vivendo e demonstrando que vivam como pagãos (uma questão de disciplina congregacional), nós não temos outra opção senão aceitar todos os que Cristo aceitou” (SMITH, 1997, p. 122).

A linha que delimita a Comunhão em Cristo é ao mesmo tempo inclusiva e exclusiva; quem é nascido na fé através do Batismo bíblico é um cristão; quem não é batizado biblicamente não é um cristão.

Também é importante pensar que todos partem do mesmo ponto quando nascem espiritualmente. Não há níveis de Comunhão nesse aspecto e ninguém precisa saber sobre doutrinas como milenialismo, ou do uso de instrumentos no culto para ser salvo.

Um cristão sempre será um filho de Deus. Ele pode ser um filho de Deus afastado, mas ainda continua sendo filho de Deus; um irmão afastado. Isso não quer dizer que a doutrina “salvo sempre salvo” está certa. Mas o filho pródigo deixou de ser filho por ter se afastado orgulhosamente da família e ter gastado toda a fortuna que ganhou? Se assim fosse o pai não se alegraria pelo retorno do filho e faria festa. Podemos evitar de nos reunir com um irmão que foi afastado de uma congregação por questões de disciplina? Sim; devemos. Mas um irmão, afastado é um irmão afastado, nada menos que isso. “Tornar-se um Cristão não é garantia de um eterno relacionamento com Deus. Mas um irmão é um irmão” (SMITH, 1997, p. 124).

Uma questão que o autor não responde é aquela que chama de “zona cinzenta”. Isso quer dizer que em algumas práticas não é tão simples a questão da delimitação sobre Comunhão. Ele refere-se principalmente à prática já citada anteriormente nesse texto que diz respeito às pessoas que foram batizadas pensando que foram salvas antes do Batismo (no momento em que “creram”). Esse caso complexo, mas muito comum hoje não tem semelhança com a prática bíblica apostólica do processo de Salvação. É importante afirmar também que há uma distinção muito grande entre a ação de uma pessoa (ser batizado) de seu entendimento e motivo (o porquê de ser batizado). De qualquer forma essas pessoas devem ser ensinadas de alguma maneira sobre a forma certa e a motivação certa de serem batizadas.

O que significa, em termos práticos, a Comunhão em Cristo? Significa tratar aqueles que nasceram de Deus como irmãos; fazer o bem a eles (Gálatas 6.10); ser bondosos (1 Tessalonicenses 5.15). É entrar no verdadeiro espírito de Comunhão Cristã, mesmo que haja diferenças de estilo, de métodos, de doutrina. É preciso fazer acontecer como nos primeiros dias os cristãos fizeram (Atos 2.42-46). Também significa que há limites determinados pela consciência de cada um; isso quer dizer que ninguém é obrigado a se reunir com um grupo que possui diferenças que o farão ferir a sua própria consciência e a de outros. Ninguém deve servir como tropeço para seus irmãos (Romanos 14 e 15).

(CONTINUA...)

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