terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quem é meu irmão? - Cap. 9

Capítulo 9 - Comunhão Congregacional – A família íntima

Dos cinco níveis de relacionamento propostos pelo autor, talvez esse seja o mais importante e o mais difícil de compreender. Isso porque os relacionamentos acontecem de maneira mais íntima, intensa e pessoal na congregação local.
A congregação local é a resposta de Deus para a solidão humana. É onde se cuida fisicamente, emocionalmente e espiritualmente: orações pelos doentes, enterros, almoços, cultos, orações; tudo junto e com o mesmo sentimento. O propósito é que cada um seja conhecido por outros que possam ajudá-lo; e que também ajude outros. É onde há a oportunidade de servir e de ser servido.
Mas também é onde ocorrem os conflitos e se mostram mais claramente as diferenças. Nem sempre é fácil. Diferenças em métodos de trabalho; diferenças doutrinárias não-essenciais e diferenças de consciência. Tudo isso faz algumas vezes esse relacionamento ser mais difícil.
O autor descreve seus sentimentos sobre dificuldades no relacionamento congregacional: “Então? Vou ou fico? Luto ou cedo? Mantenho unidade no vínculo da paz ou abandono a união no mesmo espírito de paz? Não poderia dizer a vocês quantas vezes eu avalio essas questões?” (SMITH, 1997, p. 161).
Seis perguntas que nós devemos fazer para nos avaliar quando os conflitos e desafios de relacionamento congregacional ocorrem:
1) Meu descontentamento é por questões de consciência ou por comodismo?
2) Quais esforços eu tenho efetuado para promover mudanças na congregação?
3) Minha postura transmite o quê?
4) Que boas influências eu transmito com minha presença na congregação?
5) Quais minhas alternativas?
6) Vale a pena trocar meu desconforto pela quebra da Comunhão?
É importante não somente reconhecer que essas dificuldades acontecem, mas também porque acontecem. Boa parte dessa dificuldade ocorre por causa da incompreensão do quê é uma congregação; como se forma; para quê existe; quem é responsável por ela e, para com quem ela tem responsabilidade.
Os seguintes pontos respondem a essas questões:
1) No Novo Testamento há referências sobre a Igreja em um nível universal e, em um nível local, estando ligada a uma cidade ou região geográfica particular. Ex.: Igreja em Corinto (cidade); Igrejas na região da Judéia (igrejas de uma mesma região); Igreja que se reúne em casa (na casa de Filemon, Priscila e Áquila). A Igreja não era exclusivamente universal; no desenho de Deus a Igreja deveria ser dividida em unidades menores de Comunhão onde SEU trabalho na Terra poderia ser executado. Isso é parte do conceito de autonomia congregacional.
2) O funcionamento das Igrejas se dá através da união de alguns cristãos sob a liderança de pessoas escolhidas por Deus que têm suas qualificações estabelecidas em 1 Timóteo 3 e Tito 1 (presbíteros e diáconos). É mais que um simples lugar de encontro semanal; mas a congregação local foi estruturada para prover crescimento espiritual através de uma liderança espiritual. (Atos 14.23; 20.17; Efésios 4.11-16, 1 Pedro 5.1-2). A moda de escolher congregações de acordo com o gosto está errada; é preciso entender que se você foi escolhido por Deus, é necessário se submeter a uma liderança escolhida por Deus.
3) As congregações são autônomas. Cada congregação é responsável por seus membros e, por suas decisões. Não podemos remover da Comunhão algo que só Deus pode fazer. Na teoria isso é muito bonito, mas é só uma Igreja sair daquilo que entendemos como o certo em métodos e organização e já os removemos. Só Deus pode “remover os candelabros” (Apocalipse 2. 5).
4) Autonomia não quer dizer independência total. As Igrejas do 1º século cooperavam em benevolência às Igrejas mais pobres (1 Coríntios 16.1-4). Também cooperavam com suporte financeiro para o evangelismo (Paulo agradeceu aos filipenses por sua ajuda e suporte no trabalho (Filipenses 4.14-19). Autonomia também não significa desculpa para a desunião doutrinária, já que cada Igreja terá seu trabalho provado pelo fogo (1 Coríntios 3. 12-13). “As Igrejas tem todo o direito (certamente a obrigação) de ensinar o caminho do Senhor mais perfeitamente, mas também não tem o direito nem a obrigação de requerer que alguma congregação responda a esse ensino” (SMITH, 1997, p. 173).
5) O padrão católico (universalidade) de uma pessoa tendo a responsabilidade sobre várias congregações não se aplica nem é observado no Novo Testamento. Líderes têm de se contentar com seu trabalho local e não tem autoridade de mandar em outras congregações.
Mais que tudo, a necessidade de encontro semanal para celebrar juntos a Ceia do Senhor, é a razão principal pela qual a Igreja se reúne. A Igreja do 1º século partia o pão junto. A Ceia é a representação máxima do “sentar-se a mesa juntos”. Os irmãos do 1º século se reuniam para comerem juntos; de casa em casa; diariamente; é mais que uma boa estratégia; era seu exemplo de convívio. Não é à toa que Paulo fala em 1 Coríntios 5 que eles não deveriam se sentar a mesa com o homem que tinha praticado incesto. Comer juntos e dividir a mesma mesa era um sinal de união da Igreja. O relacionamento congregacional em muito se parece com a família de sangue. Uma família que não senta na mesma mesa para comer perde muito de seu convívio e de sua intimidade.
(CONTINUA...)

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