terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quem é meu irmão? - Cap. 12

Capítulo 12 – O Prospecto da Comunhão Eterna
Nesse capítulo final o autor argumenta que Deus tem a prerrogativa de perdoar a quem ele quer, independente se essa pessoa foi salva através do processo correto biblicamente. Deus estabeleceu promessas muito claras sobre Salvação e avisos muito claros sobre perdição: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Marcos 16.16) (NVI). Mas essas promessas e avisos não retiram de Deus a capacidade de julgar soberanamente. Na verdade as promessas e os avisos vêm depois da prerrogativa, isto é, Deus sem prerrogativa para julgar é um Deus sem autoridade para fazer promessas e avisos.
Deus é ao mesmo tempo duas coisas que parecem ser contraditórias; é Graça e verdade; é um fogo consumidor e é amor. A nossa tendência é de se fixar em um desses pontos e excluir o outro. Da mesma forma esse pensamento exposto pelo autor parece ser contraditório, após ter falado em todo o livro sobre a obediência requerida no Batismo para a remissão dos pecados. Mas não é. Deus tem mandamentos muito claros sobre isso e é nossa função segui-los, ensiná-los e alertar a quem está errado. Mas isso não exclui o fato de Deus ser soberano e ter a capacidade de perdoar alguém que não obedeceu exatamente a seus mandamentos sobre Salvação segundo sua vontade soberana.
Sendo o autor da área do Direito ele usa uma analogia que nos ajuda a compreender bem o que Deus pode fazer no Julgamento Final. Há no Direito uma prerrogativa dada aos juízes que é de dar Clemência a um condenado. Nosso sistema é um sistema de justiça onde (teoricamente) o juiz não pode anular nem a lei nem as penalidades impostas. Mas ainda assim é concedida essa atribuição aos juízes de concederem Clemência a condenados. Clemência é algo que alguém recebe mesmo que comprovado que é culpado. Observamos nos últimos meses os inúmeros pedidos de Clemência para Saddan Hussein; sabia-se que ele era culpado e merecia segundo a lei do Iraque a pena de morte, mas as autoridades internacionais queriam evitar que recebesse essa pena. Semelhantemente Deus pode conceder Clemência no Julgamento Final, de acordo com sua vontade, a alguém que nós sabemos que não passou pelo processo bíblico de Salvação.
O momento que mais demonstra essa prerrogativa na vida de Jesus na terra foi com o ladrão na Cruz. Alguém condenado recebeu diretamente das palavras do Filho de Deus a Salvação. É de se considerar que até aquele momento a Nova Aliança não havia sido estabelecida, não havia processo de Salvação ensinado pelos apóstolos e Jesus tinha autoridade para fazer da maneira que entendesse. Além disso, perdoou diretamente várias pessoas sem Batismo nos evangelhos (“sua fé o salvou”). Deus não perdeu essa capacidade por causa dos mandamentos expressos nas cartas do Novo Testamento.
O fato de ter sido concedida Clemência (exceção) a esse ladrão na cruz não nos dá a autoridade de transformá-la em Justificação (regra geral). Infelizmente, essa passagem das Escrituras é utilizada de forma indevida para legitimar a Salvação sem o processo correto.
Também não podemos afirmar que Deus vai executar essa prerrogativa. Poder fazer algo é uma coisa; realizá-la é outra coisa. Nem também podemos afirmar sobre a maneira como irá executar essa prerrogativa.
O que devemos é cuidar de nossa Missão e seguir Jesus. Na conversa de Pedro com Jesus no capítulo 21 do Evangelho de João, ele fez uma pergunta a Jesus sobre João e a resposta foi: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me” (vs. 22) (NVI). Nosso trabalho é seguir Jesus, fazer discípulos e não podemos garantir que Deus vai fazer algo que ele pode fazer, mas que não prometeu.
No céu, nós veremos pessoas que não esperamos que estejam lá. Pessoas de outros grupos religiosos; pessoas do Antigo Testamento; e possivelmente alguns que não foram batizados biblicamente. E no céu haverá uma Comunhão perfeita entre os que foram salvos e, entre eles e o Salvador. Executar essa Comunhão na terra é o começo do que vai ser feito no Céu.

Se eu for pro céu, eu espero encontrar três coisas incríveis: primeiro, encontrar alguns que eu não esperava que estivessem lá; segundo, não encontrar alguns que eu esperava que estivessem lá; e terceiro, a grande maravilha de todas, de me encontrar lá.
John Newton

(FIM da série "Quem é meu irmão?")
NOTAS

[1] Maiores informações no endereço http://www.douglasjacoby.com/view_whats_new.php?ID=4. Também é possível baixar as aulas.
[1] Interessados em adquirir esse livro e outros do autor podem fazê-lo pelo endereço http://www.21stcc.com/.
[1] Para essa geração de membros da ICOC, cristãos eram somente os membros dessa instituição. Isso se dava por uma série de padrões estabelecidos nesse julgamento como a doutrina de Salvação, o envolvimento evangelístico e a pureza de caráter pessoal.
[1] O uso de termos jurídicos por parte do autor é proposital, pois leciona em cursos de Direito em faculdades dos Estados Unidos.
[1] O conceito exato desse termo (e também do termo exegese) apresenta diferenças, a depender do autor, mas em geral significa a ciência de interpretação bíblica que tem como objetivo a aplicação do significado das passagens para o leitor no contexto atual.


REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2000.SMITH, F. LaGard Who is my brother?: facing a crisis of identity and fellowship. Nashville: Cotswold Publishing, 1997.

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